quarta-feira, 3 de outubro de 2012

CRIADOR OU CRIATURA




CRIADOR OU CRIATURA


Contemplando a natureza
Observando os detalhes
As rochas e seus entalhes
A planta e sua pureza
Nos animais a beleza
Nos insetos a magia
Por trabalhar noite e dia
Com muita dedicação
Somente a contemplação
Já nos traz sabedoria.
O grilo canta contente
Quando a noite começa
Não há nada que impeça
O seu prazer evidente
Nesse canto inocente
Perpetua a sua raça
E no tempo ele abraça
O que a vida oferece
Todo ser vivo merece
Conviver sem ameaça.
O formigueiro em mudança
Indica chuva no chão
Trabalhando em mutirão
Transportam sua esperança
É bela essa aliança
Em prol de um ideal
Um esforço colossal
Exprime a perseverança
Que define a confiança
Em seu saber ancestral.
A Andorinha vê contente
O final da invernada
E os sapinhos na estrada
Premeditam a enchente          
Sabem bem mais que a gente
Das forças da natureza
Pois já trazem na certeza
O dom de seus ancestrais
Sábios são os animais
"A vida é sua riqueza".
O galo na madrugada
Começa sua rotina
Ele cantando ensina
De uma forma camarada
Que a hora de ir pra estrada
Com certeza já chegou
Quem o ouviu acordou
E seguiu sua viagem
Compreendendo a mensagem
Que o galo lhe enviou.
O papagaio dá prova
Da sua inteligência
Mostra que com paciência
Aprende até língua nova
Esse fato se comprova
Na floresta e na cidade
Mostrando que a amizade
Nos ajuda na lição
Todo ser vivo é um irmão
Que merece a liberdade.
A mata em sofrimento
Já não esconde as vidas
Que são bem mais perseguidas
Nesses tempos de lamento
O caçador violento
Mata só por diversão
Seu prazer é perversão
É pura ignorância
Se lhe sobra intolerância
Ta faltando punição.
A arte de escrever
As coisas da natureza
Realçam sua beleza
Para quem quer conhecer
Mostrando a quem quer saber
Que devemos preservar
De modo a conservar
As riquezas dessas vidas
Que permanecem sofridas
Em quase todo lugar.

Eugênio Gomes de Macêdo.


     
  
    

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

METAMORFOSES


METAMORFOSES


Nossa vida vai mudar
Do litoral ao sertão
O torrão virando mar
O mar virando torrão
A natureza se vinga
Inundando a caatinga
Ajudando a mutação.

O vaqueiro destemido
Vai se tornar pescador
E o pescador, perdido,
Tornar-se-á aboiador,
Troca o barco num cavalo
Passa a confiar no galo
Pra ser seu despertador.

A rendeira que tecia
Vai fazer um jereré
Para pescar todo dia
Peixe, siri, jacaré,
Nas margens duma lagoa
Vida passa e tempo voa
Pegando tucunaré.

O cantador repentista
Vai guardar sua viola
Nessa terra de artista
Passa a fazer mariola
Que aqui tem tradição
Logo após a refeição
Que na mesa desenrola.

O criador de jumentos
Não mudou de profissão
Fez estacionamentos
E trabalha sem patrão
Alugando o dia inteiro
Pra turista estrangeiro
O símbolo do meu sertão.

O cansado agricultor
Já trocou a sua enxada
Ele hoje é vendedor
De tapioca e cocada
Oferece pra turista
Carioca ou paulista
De bobeira na calçada.

Coitado do bóia-fria
Que carrega a marmita
Trabalha com alegria
Mas o estudo evita
Bem podia ser surfista
Ou talvez malabarista
Assim a vida permita.

O criador de caprino
Já mudou de profissão
Chamou mulher e menino
Pra dizer em confissão
Eu deixei de criar bode
Só quem pode se sacode
Política é minha missão.

A louçeira e o artesão
Trabalharão em equipe
Numa nova profissão
Na praia, guiando jipe,
Mostrando aos turistas
Paisagens e belas vistas
Procure-os e participe.

Mocinhas da capital
Que viviam das belezas
Encontradas no litoral
Antes de nossas proezas
Hoje, plantam em canteiro,
Seu coentro dá dinheiro
Vendido nas redondezas.

EUGÊNIO GOMES DE MACÊDO.


LACUNAS PERDIDAS


LACUNAS PERDIDAS

Desejo da mente
Mistério de sobra
Canteiro de obra
Cidade perdida
Paixão proibida
Coração valente
Eu faço,
Ela sente
E o tempo me cobra
A saudade desdobra
O meu sentimento
E a cada momento:
Sou gente...
És cobra.

EUGÊNIO GOMES DE MACÊDO.

ELEMENTAL


ELEMENTAL

Não sou o seu AR,
Mas sou parte dele...
Vivo a respirá-lo,
Não vivo sem ele.

Não sou sua TERRA,
Mas sou parte dela...
Vivo a percorrê-la,
Não vivo sem ela.

Não sou o seu FOGO,
Mas sou parte dele...
Vivo a buscá-lo,
Não vivo sem ele.

Não sou sua ÁGUA,
Mas sou parte dela...
Vivo a consumi-la,
Não vivo sem ela.

Não sou o seu ETER,
Mas sou parte dele...
Vivo a contemplá-lo,
Não vivo sem ele.

Não sou o seu DEUS,
Mas sou parte dele...
Vivo a cultuá-lo,
Não vivo sem ele.

EUGÊNIO GOMES DE MACÊDO.

CICATRIZES


CICATRIZES

Restos de paixões
Retalhos de vidas
Rebeldes feridas
Rios de emoções.

Pedaços de gente
Presas a promessas
Partes das remessas
Perdidas na mente.

Despertar de sonhos
Densos universos
Delírios perversos
Desastres medonhos.

Luar tenebroso
Luzes ofuscantes
Lucros errantes
Lugar assombroso.

Marcas escondidas
Mercado aberto
Marcando de perto
Mulheres perdidas.

Corações feridos
Corpos tatuados
Credos cultuados
Carinhos vendidos.

Almas massacradas
Avisos noturnos
Atritos diurnos
Amigas marcadas.

Vozes sussurrantes
Vias de acesso
Vândalo possesso
Vontades errantes.

Encontros recentes
Enganos tardios
Estros arredios
Esboços videntes.

Fracas qualidades
Famílias perdidas
Falsas despedidas
Fiéis falsidades.

EUGÊNIO GOMES DE MACÊDO.

sábado, 25 de agosto de 2012

UMBUZEIRO


UMBUZEIRO

Essa planta majestosa
Que vence a estiagem
Merece nossa homenagem
Pela fruta tão gostosa
Sua sombra grandiosa
Acomoda o viajante
E abriga o retirante
Que busca por liberdade
Umbuzeiro é na verdade
Um gaúcho itinerante.
       Até para a criação
Essa planta é valiosa
Além de ser bem vistosa
Ensina-nos uma lição,
Quando tem água no chão
A raiz vira cisterna
E na seca ela hiberna
Pra poupar sua bebida
O umbuzeiro é a vida
Onde a seca governa.
O bravo caririzeiro
Conhece bem seu valor
Valoriza o seu sabor
No tacho do fogareiro
Onde aprende ligeiro
Fazer muita guloseima
Com a fruta de primeira
Símbolo dessa região
Umbuzeiro é solução
Na seca caririzeira.
       O fruto do umbuzeiro
Tem sabor especial
Tem acidez natural
Que pluraliza seu cheiro
Quando cai no tabuleiro
Os animais fazem festa
Seu sabor ninguém contesta
Até mesmo no quentão
Das festas de São João,
Quem tomou, sabe que presta.
O umbuzeiro é cuidado
Pelo povo dessa terra
No baixio e na serra
Todo umbuzeiro é sagrado
E na safra é visitado
Por gente e por animais
Que em gosto são iguais
Pelo sabor da frutinha
Que se deu, nessa terrinha,
Desde nossos ancestrais.

EUGÊNIO GOMES DE MACÊDO. 

domingo, 12 de agosto de 2012

SONETO


SÚPLICA

Quase nunca é compreendida
A mensagem do nosso coração
Mais parece uma tentação
Que procura uma alma dividida.

No tempo voltará arrependida
Pedindo-lhe uma reconciliação
Num dilema sem apelação
Que não dá a causa por perdida.

E mostra sua face escondida
Murmurando a sua oração
Pra vê a sua graça atendida.

Procurando em toda criação
A verdade a ela concedida
No momento de sua elevação.

EUGÊNIO GOMES DE MACÊDO.

sábado, 11 de agosto de 2012

MOTE


SÓ A NATUREZA ENSINA
O QUE É FELICIDADE

Um passarinho cantando
Quando começa o dia
Brinda com a melodia
Todos que vão acordando
O sol vai se levantando
Iluminando a cidade
Com calor e claridade
Abraça nossa retina
Só a natureza ensina
O que é felicidade
       Um vento segue soprando
       Varrendo nosso quintal
       Como um grande portal
       Os vestígios sai levando
E a brisa vai espalhando
Pelas ruas da cidade
Os gestos de vaidade
Que a vida determina
Só a natureza ensina
O que é felicidade.
Uma flor desabrochando
Revela-se obra prima
Que inspira até a rima
Com perfume exalando
Pro beija flor vim chegando
Sem clima de vaidade
Quando começa a saudade
A vida vem repentina
Só a natureza ensina
O que é felicidade.
                Um riacho desaguando
                Por dentro da capoeira
                Tira da terra a poeira
                Que o tempo foi juntando
                E o homem colecionando
                Embalado pela idade
                Que traz a tranquilidade
                E leva embora a sina
                Só a natureza ensina
                O que é felicidade.
Uma chuva molhadeira
Completa a fantasia
Num mundo de nostalgia
Dividido em estação
Quem sente com o coração
É isento de maldade
Se amar é de verdade
E a todos contamina
Só a natureza ensina
O que é felicidade.
                Um sol que vive brilhando
                Para conservar a vida
                Nesta terra esquecida
                Nós seguimos trabalhando
                Pelo bom Deus esperando
                A nossa prosperidade
                Sem medo e sem vaidade
                Nossa fé nunca termina
                Só a natureza ensina
                O que é felicidade.

EUGÊNIO GOMES DE MACÊDO. 

quinta-feira, 26 de julho de 2012

(XOTE)


SAUDADE DELA

Amo o meu Cariri
Amo a minha cidade
Quando me afasto daqui
Sinto no peito a saudade.

Quero está sempre perto
Nunca te esquecerei
Pois, o futuro é incerto,
E pra você voltarei.

Como é bela a cidade
Que na mocidade
Corria em teu chão
Sempre foi a beldade
Que trouxe saudade
Pro meu coração.

Chego de braços abertos
Querendo te abraçar
Pelos teus becos quietos
Na noite vou caminhar.

Lembro teus velhos amores
Ó minha grande paixão
Te ofereço essas flores
Em forma de canção.

Como é bela a cidade
Que na mocidade
Corria em teu chão
Sempre foi a beldade
Que trouxe saudade
Pro meu coração.


 EUGÊNIO GOMES DE MACÊDO.