COMPENSAÇÃO
A planície amplia a visão
E retira o senso de distancia
Leva a alma à fase de infância
Para a mente fazer a revisão
O seu físico, que é sua prisão,
Sente dor pelo fardo que carrega
Feito areia que nos dedos escorrega
Sua vida vai mudando de lugar
Como inseto o tempo vai sugar
Toda a seiva da planta que ele rega.
O
planalto encobre os horizontes
Mas
permite a quem sobe contemplar
A
beleza que se torna exemplar
Mediante a
altura de seus montes
Soberanos
altiplanos feito pontes
Consolidam
a beleza desse chão
Que
comprova o poder da criação
E
preserva a essência natural
De
uma raça que já foi racional
Consagrada
no poder da oração.
O riacho que contorna a paisagem
Testemunha a mudança ocorrida
Na terra que já foi tão repartida
E que sofre no calor da estiagem
Como um crente que diante da imagem
Sobrevive pela fé na esperança
Numa estrada traçada na lembrança
Sinuosa como o rumo do pecado
Seu declínio para nós é o recado
Que o homem necessita de mudança.
A
caatinga transformada em carvão
Denuncia
o descaso com a vida
Nessa
terra cuja alma foi ferida
Pela
força tão cruel da ambição
A
consciência denuncia a punição
E
a justiça veda os olhos ressentidos
Invocando velhos
hábitos consentidos
Pela
lei que se acha ultrapassada
Pra
pobreza que não é recompensada
Por
eleitos, pelos sonhos prometidos.
A cidade que abraça os forasteiros
Também cuida dos filhos com paixão
Dividindo com carinho e atenção
As riquezas de valores verdadeiros
Seu progresso engrandece os pioneiros
Que abriram as trilhas dessa terra
Nesse vale entre o rio e a serra
Povoado de amor e esperança
Cultivado com sonho e lembrança
Busca paz nesse mundo que faz guerra.
O mestiço
oriundo desse chão
Desconhece o
valor de sua essência
Mas se luta em favor
da existência
Ele traça o destino
em sua mão
Conduzindo a
família em comunhão
Como fez o seu
pai antigamente
Ele vive
satisfeito e contente
Sem temer o
presente ou o futuro
O seu sonho só
parece imaturo
Para quem, não
conhece nossa gente.
EUGÊNIO GOMES DE MACÊDO.