O PAU D’ÁGUA
O Pau d’água verdadeiro
Só gosta de aguardente
Nunca anda com dinheiro
Vive aperreando a gente
Fede como bode inteiro
E mente igual Presidente.
O bar é seu ambiente
Seu castelo de verão
Se ta dentro ta contente
E só sai no empurrão
Ao tomar uma aguardente
Dá uma cuspida no chão.
Pau d’água é encrenqueiro
E gosta de confusão
Pega o copo do parceiro
E o tira gosto com a mão
E sempre sai bem ligeiro
Na hora da divisão.
Quando ele ta contente
Todo mundo é seu irmão
Só fala bem sorridente
Abraça e pega na mão
Senta na mesa e mente
Provocando confusão.
Pra tomar a aguardente
Ele chega aperreado
Nem uns tapas, ele sente,
Se a bebida é fiado
Mas é rico e exigente
Quando ta embriagado.
Não há homem mais valente
Pelas bandas desse chão
Fala mal do presidente
Diz que o prefeito é ladrão
Mas só culpa a aguardente
Na hora da explicação.
Só trabalha pra bebida
Não pensa em seu futuro
Sua vida é bem sofrida
Seu pensamento é impuro
A família é esquecida
E a sina é andar duro.
O Pau d’água é atrevido
Na arte de paquerar
Mas dá o bote perdido
Quando vê mulher passar
Só olhar é permitido
O resto é só pra lembrar.
Quando está embriagado
O Pau d’água não levanta
Fica na rua deitado
Até cachorro, ele espanta,
O seu bafo ressacado
Amarela até planta.
Pau d’água é o cachaceiro,
O pinguço, pé inchado,
É o bebum, o caneiro,
O alambique, o chapado,
Pé redondo, biriteiro,
Pé na cova ou mamado.
EUGÊNIO GOMES DE MACÊDO.
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