sexta-feira, 13 de abril de 2012

COMPENSAÇÃO


COMPENSAÇÃO

A planície amplia a visão
E retira o senso de distancia
Leva a alma à fase de infância
Para a mente fazer a revisão
O seu físico, que é sua prisão,
Sente dor pelo fardo que carrega
Feito areia que nos dedos escorrega
Sua vida vai mudando de lugar
Como inseto o tempo vai sugar
Toda a seiva da planta que ele rega.


O planalto encobre os horizontes
Mas permite a quem sobe contemplar
A beleza que se torna exemplar
Mediante a altura de seus montes
Soberanos altiplanos feito pontes
Consolidam a beleza desse chão
Que comprova o poder da criação
E preserva a essência natural
De uma raça que já foi racional
Consagrada no poder da oração.


O riacho que contorna a paisagem
Testemunha a mudança ocorrida
Na terra que já foi tão repartida
E que sofre no calor da estiagem
Como um crente que diante da imagem
Sobrevive pela fé na esperança
Numa estrada traçada na lembrança
Sinuosa como o rumo do pecado
Seu declínio para nós é o recado
Que o homem necessita de mudança.


A caatinga transformada em carvão
Denuncia o descaso com a vida
Nessa terra cuja alma foi ferida
Pela força tão cruel da ambição
A consciência denuncia a punição
E a justiça veda os olhos ressentidos
Invocando velhos hábitos consentidos
Pela lei que se acha ultrapassada
Pra pobreza que não é recompensada
Por eleitos, pelos sonhos prometidos.


A cidade que abraça os forasteiros
Também cuida dos filhos com paixão
Dividindo com carinho e atenção
As riquezas de valores verdadeiros
Seu progresso engrandece os pioneiros
Que abriram as trilhas dessa terra
Nesse vale entre o rio e a serra
Povoado de amor e esperança
Cultivado com sonho e lembrança
Busca paz nesse mundo que faz guerra.


O mestiço oriundo desse chão
Desconhece o valor de sua essência
Mas se luta em favor da existência
Ele traça o destino em sua mão
Conduzindo a família em comunhão
Como fez o seu pai antigamente
Ele vive satisfeito e contente
Sem temer o presente ou o futuro
O seu sonho só parece imaturo
Para quem, não conhece nossa gente.       
    
EUGÊNIO GOMES DE MACÊDO.

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